quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Resumo do Projeto: Charge & Paródia nas aulas de História

Docentes:
Aléxia Pádua Franco
Alline Grazielle Neves Costa
Ana Flávia Ribeiro Santana
Christian Alves Martins
Elmiro Lopes da Silva
Getúlio Ribeiro
Leide Alvarenga Turini
Leila Floresta

Coordenação: Leide Alvarenga Turini

Público alvo:
Alunos(as) do II e do III Ciclo do Ensino Fundamental e alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da ESEBA/UFU.

Apresentação:

A charge e a paródia são linguagens com grande potencial para as reflexões de natureza histórica. A charge revela a visão crítica do seu autor em relação a uma determinada situação, fato ou idéia, caracterizando-a como um importante recurso para o desenvolvimento do pensamento (e do posicionamento) crítico dos alunos. O chargista faz uma interpretação de um acontecimento específico, com limitação temporal, ou seja, é preciso ter alguma noção sobre o fato representado para entender a mensagem implícita na charge. A charge exige este conhecimento, o domínio, por parte do leitor, do conteúdo que irá abordar. A paródia, por sua vez, é uma nova versão ou a recriação de uma obra já existente, com modificação de suas intenções e significados. Tem um caráter lúdico e/ou ideológico e conteúdo crítico. A paródia pode ser realizada com obras literárias, poesia, teatro, música, filme etc. A reescritura é sempre de caráter contestador, satírico, crítico.
Estamos propondo, para o ano letivo de 2010, o Projeto Charge & Paródia nas aulas de História, a ser desenvolvido por alunos/as do 4º ao 9º ANO do Ensino Fundamental e por alunos/as da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na ESEBA. A produção de charges e paródias relacionadas às temáticas de estudo trabalhadas nas aulas de História tem grande relevância para os objetivos da Área, uma vez que permite observar tanto a compreensão e/ou a interpretação dos estudantes sobre as temáticas estudadas em sala de aula, quanto o posicionamento crítico em relação aos conteúdos trabalhados, o que poderá contribuir para o desenvolvimento do raciocínio histórico e do pensamento crítico e reflexivo dos/as discentes. O projeto também propicia a troca de experiências entre alunos(as) de diferentes turmas e turnos da escola.

Objetivos específicos:

• Conceituar e caracterizar a charge e a paródia, compreendendo-as como gêneros textuais importantes para a formação do/a aluno/a leitor.

• Explorar o potencial da charge e da paródia para a compreensão e o posicionamento crítico do discente em relação às temáticas abordadas nas aulas de História.

• Propiciar aos discentes condições para a aquisição de noções básicas necessárias para a interpretação e a produção de charges e paródias nas aulas de História.


Ações metodológicas:

1- Trabalhar os conceitos de CHARGE e PARÓDIA com os discentes de cada ano de ensino, com linguagem apropriada e material didático adequado ao grupo de alunos/as. Para tanto, o grupo formado por docentes da Área de História fará reuniões, ao longo do ano, no GEPHIS (Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Área de História da ESEBA/UFU), com o objetivo de ler e debater bibliografia específica acerca da temática, socializar ações desenvolvidas em cada ano/segmento de ensino e encaminhar as propostas aprovadas pelo grupo.

2- Propor a produção e a interpretação de charges e paródias por alunos/as do Ensino Fundamental de História e alunos/as da EJA, relativas aos conteúdos da Proposta Curricular de História. Atividades de interpretação podem ser propostas a qualquer tempo e para qualquer uma das temáticas do programa, conforme interesse e planejamento de cada docente. Com relação à produção de charges e paródias, a mesma deve acontecer pelo menos 1 (uma) vez por trimestre, de maneira que, ao final do terceiro trimestre, cada turma de cada ano envolvido no Ensino Fundamental tenha produzido charges e paródias de pelo menos 3(três) temáticas diferentes. Com relação à EJA, uma vez que o programa curricular é desenvolvido em 1 semestre, com dinâmica e ritmo das aulas bem específicos em função das características particulares do grupo de alunos do segmento, a proposta é de uma produção por semestre, por cada série.

3- Organizar palestra e/ou oficinas com profissionais da cidade que trabalham com a produção de charges.

4- Realizar a culminância do trabalho de interpretação e produção de paródias em um programa organizado pela Rádio ESEBA ATIVA, em parceria com a Área de História. O programa “Parodiando nas aulas de História” será realizado no Anfiteatro da escola, no final do segundo semestre de 2010.

5- Realizar a culminância do trabalho de interpretação e produção de charges nas aulas de História com uma Exposição a ser realizada no final do segundo semestre, sob a organização da Área de História.

6- Publicar resultados do Projeto desenvolvido pelos docentes da Área de História no blog da Área: http://gephiseseba.blogspot.com/.

Bibliografia:

FLORES, Onici Claro. A leitura da charge. Canoas: Editora da ULBRA, 2002, 88 p.
LINARES, Alci. Vida de artista. Humor, Cartuns, Charges e Ilustrações. São Paulo: Devir Livraria, 2005.

LOPES, Ivã Carlos e HERNANDES, Nilton (orgs.). Semiótica: Objetos e Práticas. São Paulo: Contexto, 2005.

MARINGONI, G. Humor da charge política no jornal. Comunicação & Educação. São Paulo: Moderna, 1996.

SODRÉ, Luiz Guilherme Teixeira. Sentidos do Humor, trapaças da razão, a charge. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2005, 128 páginas.

SOUZA, Maria Lindaci Gomes de. O cômico, a ironia e a sátira: charges e cartuns no ensino de história. In:NETO, Martinho Guedes dos Santos (org.). História Ensinada: linguagens e abordagens para a sala de aula. João Pessoa: Idéia, 2008, p. 67 a 96.

Textos capturados na Internet:

CAMARGO, Cecília Lopes. Charge: diversão ou crítica? http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/20-2.pdf

BRESSANIN, Alexandra. Gênero charge na sala de aula: o sabor do texto. http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/8.pdf

SILVA, Carla Letuza Moreira e. O trabalho com charges na sala de aula.
http://www.unisc.br/cursos/pos_graduacao/mestrado/letras/anais_2coloquio/charges_sala-de-aula.pdf

Confira no portal do professor/MEC:
TURINI, Leide Alvarenga. A charge na sala de aula: uma perspectiva para o ensino e a aprendizagem de História. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=5406

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Congada em Uberlândia: a importância da participação da criança na festa.

A festa da Congada é uma manifestação popular cultural – religiosa que remonta ao período de escravidão no Brasil. Os escravos trazidos de várias regiões da África eram proibidos pela igreja católica de manifestarem sua religião. Eles eram catequizados e neste processo de catequização acabaram introduzindo em suas práticas manifestações da religião católica. Tanto que escolheram dois santos católicos para louvar. Segundo a lenda a escolha de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito não foi aleatória, vamos saber um pouco mais dessa história?

Nossa Senhora ficava em uma igreja construída pelos brancos, mas estava triste vendo o sofrimento que os negros escravos passavam (açoites, trabalho forçado, etc.). Um dia de tanta tristeza a santa fugiu do altar e foi morar no fundo do mar, os brancos rezaram na beira do mar, cantaram, mas Nossa Senhora não saiu do mar. Vieram os negros cantando alegremente para Nossa Senhora e ela apenas apontou a cabeça, mas não saiu. Por fim, um grupo de negros cantando com latinhas amarradas com sementes e dançando uma dança envolvente também cantaram para a santa que ficou parada no meio do mar e decidiu sair nos braços dos negros, mas desta vez ela não foi para a igreja dos brancos, mas sim para uma igreja toda azul construída pelos negros para homenagear Nossa Senhora do Rosário.

São Benedito era escravo e cuidava da alimentação da fazenda onde morava. Certo dia São Benedito ficou curioso para saber como era uma missa e pediu para o seu senhor para poder assistir a missa, mas o senhor disse à São Benedito: “Você não pode assistir a missa, porque apenas pessoas da alta sociedade podem participar desse momento sublime, além disso você tem que fazer o almoço”. Mas São Benedito desobedeceu a ordem do senhor, pois estava curioso para saber como era a missa e foi escondido assistiu uma parte voltou para casa e terminou o almoço.

Os negros adotaram São Benedito como santo protetor, pois, acredita-se que onde ele for homenageado não faltará comida na mesa. Dessa maneira, os negros elegeram então Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, os santos católicos com os seus protetores.

Assim, o objetivo da festa da Congada é homenagear Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Em Uberlândia a Congada é uma das mais antigas festas populares da cidade e conta com a participação de pessoas de todas as idades jovens, homens, mulheres, adultos, idosos e crianças. O início da festa é em Agosto quando ouvimos por toda a cidade e batida dos tambores. Dá-se inicio à Campanha cujo objetivo é arrecadar alimentos e dinheiro para a festa. A campanha dura cerca de sessenta dias e se estende até novena que é realizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Vamos entender um pouco mais sobre a Congada?

Os participantes da Congada são divididos em ternos, em Uberlândia existem hoje cerca de 25 ternos cada um com uma batida diferente, cores diferentes, dança diferente e forma de adoração distinta também.

· Grupos de Congo: celebram alegremente, homenageando Nossa Senhora do Rosário e São Benedito é realizada de forma bastante divertida, assim quando pulam pra cima com seus tambores homenageiam Nossa Senhora e quando pulam pra baixo São Benedito.

· Grupos de Catupés: celebram também alegremente Nossa Senhora do Rosário e São Benedito cantando alegremente, mas são ao mesmo tempo irônicos e fazem críticas sociais na forma como vivem os afro-descendentes. O grupo de catupés sofrem influência dos índios na forma de dançar e vestir.

· Grupos de Marinheiros: são grupos de resistência, remontam mais ao sofrimento dos escravos.

· Grupos de Moçambique: geralmente composto por pessoas mais idosas, por isso, a cantoria mias emotiva e lamentosa de louvor à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Estudar a história da Congada em Uberlândia é importante pois, como vimos anteriormente é uma das festas populares mais importantes e divulgadas da cidade e hoje é tombada pelo Patrimônio Cultural Imaterial. Além disso, a participação de crianças na festa é muito grande. Você sabe por que as crianças também participam desta festa?

Primeiramente porque é uma tradição que passa de pai para filho e perpetua até os dias atuais. A transmissão da tradição musical do grupo religioso é reforçada com oficinas de arte oferecidas por organizações não-governamentais com aulas de música, dança afro e de salão, pintura e bijuterias.

Na cidade de Uberlândia, o terno Marujos Azul de Maio, além de introduzir as crianças através de oficinas, também tem um time de futebol que participa da competição entre os ternos de Congada da cidade: “Só temos descendentes afros no time e somos bicampeões” disse o coordenador geral de eventos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário em entrevista ao Jornal Correio de Uberlândia em outubro de 2009. A participação de crianças na Congada é tão forte que até cânticos especiais para elas alguns ternos fazem.

Cânticos dos Congadeiros Mirins.

“Ainda sou criança, tenho muito

que aprender. Por isso, eu te peço

Nossa Senhora, me guarde e me

guie e tome conta de mim”.

Assim, a presença das crianças na festa é uma demonstração de que o ritual que já existe há séculos será mantido. Um ritual que segundo Jeremias Brasileiro pesquisador Diretor de Assuntos Afro-raciais (Diaafro) e coordenador geral dos Grupos de Congada expressa: “A Congada é considerada uma manifestação de fé, cultura e religiosidade motivo de orgulho para todos os congadeiros”.

Bibliografia

BRASILEIRO, Jeremias. Cultura Afro-brasileira na escola: o congado em sala de aula. Editora Aline, Uberlândia, 2009.

___________________Congado um fluxo contínuo de revitalização cultural. Editora Aline, Uberlândia, 2009.

REZENDE, Creuza. Festas Populares; um olhar de criança. Gráfica Sabe, Uberlândia 1999.

SOUZA, Maria de Mello e. África e Brasil africano. 2ead. - São Paulo: Ática, 2007.


Este texto foi produzido pela professora Ana Flávia Ribeiro Santana no ano de 2009.