quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PROJETO POLITIZANDO 2011

O projeto Politizando fora pensando e desenvolvido pelo professor coordenador da área de história da ESEBA, Getúlio Ribeiro, juntamente com bolsistas da graduação do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia que atuavam na ESEBA. Em sua proposta inicial, que fora posta em prática pela primeira vez no terceiro trimestre do ano de 2010, o projeto visava atender aos alunos dos 8ºs e 9ºs anos do III ciclo do Ensino Fundamental.

No período em que o Brasil encontrava-se em meio a um processo eleitoral para eleger um Presidente da República, Senadores, Deputados Federal e Estadual, a equipe idealizadora do projeto Politizando, visando estabelecer uma conexão entre o tema da eleição que estava em voga com os conteúdos de História ministrados nos respectivos anos de ensino, elaborou a proposta, definindo como objetivos desta, a formação cidadã, politica e ética dos alunos envolvidos neste projeto, assim como também dar-lhes uma nova forma de representatividade no âmbito escolar, criando espaços efetivos para atuação destes. Assim sendo, o projeto Politizando rompia com o sistema anterior de representatividade discente, que constituía-se na eleição de um Representante e Vice representante de turma, e passou a compreender um grupo maior de alunos a fim de garantir maior eficácia estratégica ao trabalho por eles realizado.

Para o ano de 2011 a proposta do projeto Politizando abarcou todo o III ciclo do Ensino Fundamental, compreendendo os 7ºs, 8ºs e 9ºs, além de propor esta forma de representatividade discente ao EJA (Educação de Jovens e Adultos), com algumas alterações.
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As atividades previstas pelo projeto Politizando dividiram-se em V fases, sendo estas assim compreendidas:

Fase I – Planejamento, orientações aos alunos e realização de inscrição de chapas para o processo eleitoral.
Tempo para execução = Março/Abril de 2011.
Fase II – Realização de processo eleitoral para a escolha das gestões que representação as turmas do III ciclo no ano de 2011 na ESEBA.
Tempo para execução = Abril/ Maio de 2011.
Fase III – Apuração dos votos, nomeação das chapas vencedoras, planejamento e elaboração do Plano de Gestão das chapas.
Tempo para execução = Maio/Junho de 2011.
Fase IV – Exercícios das gestões vencedoras, com reuniões mensais do conselho de Presidentes do III Ciclo.
Tempo para execução = Maio/Junho/Julho/Agosto/Setembro/Ourubro de 2011.
Fase V – Entrega dos relatórios finais das gestões de 2011 e avaliação final das atividades por parte dos profissionais envolvidos.
Tempo para execução = Novembro/Dezembro de 2011.
Encerramento das atividades do ano de 2011 = Novembro/Dezembro de 2011.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os módulos de experiência em sala de aula tiveram inicio no dia 04/04/2011 e terminariam no dia 13/04/2011. Cada módulo contaria, para cada turma, com cinco encontros em sala de aula, nas aulas de Educação Física, Filosofia, História e Língua Portuguesa.

Realizadas as atividades dos módulos de experiência em sala de aula, que compreendiam desde a formação das chapas à elaboração das propostas, os candidatos a presidente de cada chapa preencheram o formulário de inscrição e o entregaram nos dias 14 e 15 de Abril de 2011 para que a equipe organizadora efetivasse a inscrição da chapa e atribuísse a ela o numeral 1 ou 2 de acordo com a ordem de chegada dos alunos.

No dia 18 de Abril de 2011, as chapas deveriam enviar suas propostas por e-mail para serem publicadas no blog do projeto Politizando(http://politizandoeseba.blogspot.com), o que foi feito até o dia 29 de abril de 2011.

As campanhas eleitorais foram realizadas do 19 de abril de 2011 até o dia 06 de maio de 2011.Os debates das chapas estudantis realizaram-se do dia 02 ao dia 06 de maio de 2011, para todo o III Ciclo da ESEBA: 7os anos A, B e C, 8os A, B e C, e 9os A, B e C.

As eleições ocorreram nos dias 27 e 28 de junho de 2011. A divulgação dos resultados e a cerimônia de posse das chapas eleitas ocorreram no dia 30 de junho de 2011.

CHAPAS VENCEDORAS:

7ª ano A – Chapa 2 - “Ox” - Igor oliveira carvalho

7º ano B – Chapa 1 - “Mundo Livre” - Carolina Nicomedes

7º ano C – Chapa 2 – “Chapa Estudantil Inovadora” - Cecilia souza silva

8º ano A – Chapa 1 – “Atitude em Foco” - Gisella carvalho

8º ano B – Chapa 2 – “PEV” - Isadora Miranda Souza

8º ano C – Chapa 1 – “PPF (Pronta para o futuro)” - Dara Santos Alves

9º ano A – Chapa 2- “Chapa Benfeitora” - Leonardo V. Ferreira Natali

9º ano B – Chapa 1- “Chapa da Liberdade” - Paula K. G. Montes

9º ano C – Chapa 1-“Partido Evoluir e Produzir” - Lorena s. Oliveira

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A República no Brasil - Parte III: Modernização conservadora e revolta popular na República Velha

Getúlio Ribeiro

Deixemos por hora de falar sobre o que significou politicamente a instauração da República no Brasil, e passemos a tratar um pouco de seu significado social mais profundo. Afinal, o que teria significado, para a sociedade brasileira (compreendendo que “sociedade” abarca toda uma diversidade de hábitos, costumes, etnias, etc.), as transformações ocorridas durante estes primeiros anos de República em nosso país? Em outras palavras: em que resultou, no que diz respeito ao cotidiano e ao dia-a-dia, e que mudanças provocou a República nas vidas “reais” das pessoas durante o período?

Como já visto em estudos anteriores, todo este período que se estende da segunda metade do século XIX até o início do século XX foi mundialmente caracterizado pela chamada Revolução Científico-Tecnológica. Da Inglaterra para o restante do mundo, a descoberta de novos potenciais energéticos, como a eletricidade e os derivados do petróleo, contribuíram para acelerar e diversificar a produção capitalista industrial em escala nunca antes vista. Se você, por exemplo, estivesse vivo nesse período, em menos de quinze anos você teria assistido ao surgimento do telefone, do aeroplano, do automóvel, da eletricidade doméstica, do fonógrafo, do cinema, do rádio, dos elevadores, dos refrigeradores, do raio X, da radioatividade e da anestesia moderna. Imagine o impacto de todas essas invenções na vida e no dia-a-dia das pessoas que viviam na época.

Quando se fundou o Partido Republicano Paulista no Brasil, a partir de 1870, entrava também em cena uma nova elite de jovens intelectuais, artistas, políticos e militares, cujos planos para o Brasil incluíam a “modernização” do país baseando-se nas novas diretrizes técnicas e científicas da Europa e dos Estados Unidos. Ou seja, “importava-se” não somente idéias políticas, mas também uma certa idéia de “modernidade”, que passou a representar sinônimo de República, em contraposição ao Império, sinônimo de “arcaico”. A principal base de apoio financeiro e político dessas novas elites se encontrava nos cafeicultores do sudeste do país, e sua idéia era promover a industrialização imediata e a modernização do país “a todo custo”.

O que não se previa é que esse “a todo custo” significava transformar radicalmente o modo de vida das sociedades mais tradicionais, de forma a desconsiderar os princípios e valores mais profundos destas sociedades, e impor um novo modo de vida baseado nos parâmetros “modernos” trazidos dos grandes centros mundiais. A violência e o desrespeito com as quais as autoridades do país à época, alimentadas pelo discurso das novas elites intelectuais, se dirigiram às comunidades mais tradicionais fez com que, para muitas dessas sociedades, a modernização não constituísse uma experiência enriquecedora, e sim traumática, desencadeando, em alguns casos, conflitos e revoltas violentas. Examinaremos rapidamente duas delas.

A Revolta de Canudos

Em 1893, as autoridades republicanas no Rio de Janeiro receberam o alerta sobre a existência de um núcleo de “fanáticos religiosos”, liderados “por um indivíduo Antônio Vicente Mendes Maciel [vulgo Antônio Conselheiro], que pregando doutrinas subversivas fazia grande mal à religião e ao Estado, distraindo o povo e arrastando-o após si, procurando convencer de que era o Espírito Santo, insurgindo-se contra as autoridades constituídas, às quais não obedecia e manda desobedecer”. O núcleo de fanáticos era a comunidade de Canudos, no sertão da Bahia, que na época nem sequer constava nos mapas oficiais.

Foram enviados, inicialmente, uma força policial, e em seguida dois destacamentos do exército, todos derrotados pelos amotinados. Uma expedição militar com artilharia pesada e equipamentos modernos, comandada por auxiliares diretos do marechal Floriano Peixoto, também foi enviada, e igualmente rechaçada. Com isso, os revoltosos receberam a imagem de “conspiradores monarquistas”, mantidos, organizados e armados a partir do exterior por antigos líderes do regime imperial. Com esse espírito fora enviada a quarta expedição, com duas divisões completas do exército, que submeteram o arraial rebelde ao mais intenso fogo cerrado. Os rebeldes resistiram até o fim, levando os oficiais a derramarem barris de querosene sobre os casebres de pau e palha, queimando vivos os moradores remanescentes e os últimos combatentes. Canudos terminou, assim, reduzida a cinzas.

Dessa última expedição participou como correspondente de guerra do jornal O Estado de S. Paulo o jovem escritor Euclides da Cunha, que, a partir da experiência escreveu, em 1902, o livro Os Sertões. No livro, Euclides explica como foi até Canudos acreditando ser realmente um reduto de monarquistas financiados do exterior e decididos a derrubar a República. Vejamos o que diz o historiador Nicolau Sevcenko acerca da experiência de Euclides:

"Foi apenas chegando lá que se deu conta da verdade, surpreendendo-se: eram apenas trabalhadores rurais pobres, sem nenhuma educação formal, com um profundo sentimento religioso, e que estavam atordoados por mudanças de grande impacto simbólico ocorridas num repente, sem que eles fossem minimamente esclarecidos sobre seu significado, seu surgimento ou sua razão de ser. Para eles, como para o grosso da população alheada dos processos decisórios, o imperador era uma figura sagrada, assim como o eram o sacramento do matrimônio ou o campo santo dos cemitérios. A deposição do monarca, assim como a separação da Igreja e do Estado, decretada pelos republicanos, só poderia lhes soar como atos, além de incompreensíveis, de desprezo e profanação de suas crenças mais íntimas e sublimes."[1]

O que os habitantes da comunidade de Canudos, sob a liderança de Antônio Conselheiro, um líder sintonizado com os valores mais profundos e caros dos seus seguidores, era, além de manter em seu meio e em seus lares o cuidado e o respeito com esses princípios sagrados, defenderem-se dos desmandos das autoridades locais, usando armas tomadas de seus próprios perseguidores. Esse foi o seu crime, e por isso foram condenados.

A Revolta da Vacina

Deixemos agora o sertão baiano e passemos à capital da República. O Rio de Janeiro, no início do século XX, contava com pouco menos de 1 milhão de habitantes. A cidade se constituía como principal porto de exportação e importação do país, ficando atrás apenas de Nova York e Buenos Aires em todo o continente americano. Frente à grande necessidade por capitais, técnicos e imigrantes, a cidade deveria servir como um atrativo para estrangeiros. O plano então traçado pelas autoridades para a capital incluía três frentes: a modernização do porto, que não oferecia condições para a ancoragem de grandes embarcações e transatlânticos; o saneamento da cidade, visando combater focos de difteria, malária, tuberculose, lepra, tifo e, principalmente, varíola e febre amarela, os quais conferiam à cidade a indesejável fama de “túmulo do estrangeiro”; e a reforma urbana, com vistas a oferecer melhores condições para o escoamento das mercadorias que chegavam ao porto, normalmente feito por caminhões que encontravam grandes dificuldades para atravessar as tortuosas vielas herdadas do período colonial, em meio aos veículos de tração animal.

A “Regeneração”, como fora chamado o processo de modernização da cidade, completou-se com a inauguração da avenida Central, atual Rio Branco, com seus elegantes lampiões elétricos e vitrines de lojas de artigos finos importados, por onde desfilavam rapazes em trajes ingleses e damas exibindo as últimas extravagâncias dos tecidos, cortes e chapéus franceses, repetindo uns aos outros: “Vive la France!”.

Entretanto, o dia-a-dia da capital não era composto apenas de luxuosas avenidas e rapazes e moças ligados às últimas modas dos grandes centros. De seu quase um milhão de habitantes, a maioria era composta por negros remanescentes dos antigos escravos, que, após a abolição da escravidão, migraram para a cidade em busca de novas oportunidades nas funções ligadas especialmente às atividades portuárias. Essa população, extremamente pobre, se concentrou nos antigos casarões do século XIX no centro da cidade, localizado nas áreas ao redor do porto, vivendo em condições de absoluta precariedade e promiscuidade, com famílias inteiras habitando um só cubículo. Com a reforma urbana, procedeu-se à demolição dos casarões, pois cerceavam o acesso ao porto e bloqueavam o livre fluxo de veículos. Diga-se de passagem, sem qualquer indenização ao realocação das famílias despejadas, que passaram a formar favelas e a se acumularem em cortiços e hotéis baratos, onde famílias inteiras alugavam esteiras no chão. Percebendo que tais alternativas acarretavam riscos de ordem sanitária, a Administração da Saúde se voltou contra elas.

Desencadeando uma campanha maciça de erradicação da varíola, criou-se os batalhões de visitadores que, acompanhados da força policial, invadiam as casas a pretexto de vistoria e da vacinação dos moradores. Se fosse constatado risco sanitário, o que, em tais condições, era inevitável, tinham autorização para mandar evacuar o local, demolindo-o e expulsando seus moradores sem qualquer direito a indenização. Vejamos, mais uma vez, o que diz Sevcenko acerca dos desdobramentos desta situação:

"Foi a gota d`’agua para a população pobre, despejada e humilhada. Num surto espontâneo, massas de cidadãos se voltaram contra os batalhões de visitadores e a força policial, dirigindo-se para o centro da cidade, onde as obras de reforma urbana prosseguiam. Lá chegando, entrincheiraram-se entre as valas abertas, tomando ferramentas e materiais de construção como armas, com as quais se puseram a enfrentar os reforços enviados pela polícia. O motim ficou conhecido como a Revolta da Vacina, de 1904, e é um dos episódios menos compreendidos da história recente do Brasil."[2]

Para as autoridades (as mesmas para as quais despejar os pobres sem indenização significava “modernizar” a cidade), tratava-se de um levante irracional de mentes “atrasadas” e incapazes de compreender o avanço do progresso e, assim como Canudos, deveria ser rapidamente eliminado. Como os policiais não conseguiam conter os revoltosos, chamou a Guarda Nacional, os bombeiros, tropas do exército e da marinha. Nada adiantava, a insurreição não cedia. Chamou-se então tropas auxiliares dos estados de Minas Gerais e São Paulo, e, apenas com essa conjunção de forças, após dez dias, o movimento foi finalmente contido. E a repressão aumentou mais ainda. O chefe da polícia da capital deu, a partir de então, ordens para que toda e qualquer pessoa abordada no centro da cidade que não pudesse comprovar emprego e residência fixos, fosse detida. Os detidos eram presos, torturados e enviados à Amazônia com o pretexto de trabalhar na extração de borracha, e lá eram abandonados na selva sem qualquer orientação ou guia.



[1] SEVCENKO, Nicolau. Introdução: o prelúdio republicano: astúcias da ordem e ilusões do progresso. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil 3: República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. P. 18-19.

[2] Idem. P. 23-24.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Atividades de revisão do texto "A República no Brasil - Parte II - Da espada ao cabresto: de 'quem' é essa República? - 9s anos - 2011

1- Em 1891, promulgava-se a primeira Constituição do regime republicano no Brasil, que teve um perfil liberal-conservador. O que isto significa, considerando-se o conteúdo da referida Constituição?

2- “A eleição de Prudente de Morais, em 15 de novembro de 1894, representou o retorno do grupo latifundiário – que fora o sustentáculo do Império – ao comando da nação.”

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história – A incrível saga de um país. São Paulo: Ática, 2002. p. 248.

Por que os latifundiários ficaram fora do comando da República antes de 1894? De que maneira se deu esse processo?

3- O que significa a expressão “República do café-com-leite” e qual sua relação com a política dos governadores?

4- “Os grandes proprietários de terras, conhecidos como coronéis durante o Segundo Império, exerciam poder absoluto sobre seus trabalhadores e, frequentemente, sobre os municípios.”

BERTOLI FILHO, Claudio. A República Velha e a Revolução de 30. São Paulo: Ática, 1990. P. 8-10. (Col. Retrospectiva do Século XX).

- Como os coronéis exerciam seu poder nos municípios?

- Que papel os coronéis ocupavam na política das oligarquias?